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DESMISTIFICANDO A EPILEPSIA

  • Foto do escritor: Psicóloga Priscila Neves
    Psicóloga Priscila Neves
  • 26 de mar. de 2019
  • 5 min de leitura



26 de março foi a data escolhida para ser o Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia. De certo, você já ouviu falar a respeito dessa doença, mas junto com as informações, surgem também diversos boatos. Vamos começar falando um pouco a respeito sobre o que é a epilepsia, sintomas, sobre mitos e verdades a respeito da doença, como agir perante a uma crise epiléptica, sobre seu diagnóstico e tratamento.


O que é epilepsia? Por que ela ocorre?

A epilepsia é uma patologia neurológica caracterizada pela alteração temporária e reversível (descargas elétricas anormais e excessivas) das atividades das células nervosas cerebrais, que não tenha sido causada por distúrbios metabólicos, febre ou substâncias químicas. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro realiza a emissão de sinais incorretos, podendo ficar restrito a esta área ou espalhar para as demais regiões cerebrais. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes, o que não significa que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.


Em muitos casos, a causa é desconhecida. Em determinadas crises, a origem pode decorrer de ferimentos na cabeça, recentes ou não. Traumas na hora do parto, abuso de substâncias químicas como o álcool e as drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.


Sintomas

  • Crises parciais simples: O indivíduo experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Pode também sentir um medo repentino, desconforto no estômago, ver e/ou ouvir de maneira diferente.

  • Crises parciais complexa: São crises onde o paciente experimenta os mesmos sintomas da crise parcial simples, porém há a perda de consciência.


Em ambas as crises após o episódio, enquanto a pessoa ainda se recupera, pode ocorrer déficits de memória, causando-lhe confusão mental.


  • Crises tônico-clônicas: Primeiramente a pessoa tem a perda da consciência e acaba caindo no chão, enrijecendo todo o seu corpo, posteriormente, as suas extremidades começam a tremer e a se contraírem.

  • Crises de ausência: O paciente aparenta ter se “desligado” por alguns instantes, podendo retomar as atividades que estava realizando logo em seguida.


Existem ainda, diferentes tipos de crises. Os eventos que perduram por mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência são os mais perigosos, podendo até mesmo prejudicar o funcionamento cerebral.


Mitos x Verdades

Historicamente, a epilepsia traz uma bagagem de estigmas e preconceitos que envolvem questões sociais e psicológicas que vão além da medicina. Por isso, é importante desmistificar essa enfermidade que atinge mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 3 milhões de brasileiros, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).


1. A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.


2. Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO

Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.


3. Toda convulsão é epilepsia – MITO

A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.


4. Epilepsia é uma doença mental – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.


5. Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO

Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.


6. É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE

Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas apresentam-se de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.


7. O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE

O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.


8. Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE

Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.


9. A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE

A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.


10. O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE

Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.


Como agir perante a uma crise epiléptica?

É muito simples auxiliar uma pessoa durante uma crise convulsiva, entretanto é necessário saber o que você deve ou não fazer durante este momento.

O que fazer

  • Mantenha-se calmo e acalme as pessoas ao seu redor;

  • Evite que a pessoa caia bruscamente ao chão;

  • Acomode o indivíduo em local sem objetos dos quais ela pode se debater e se machucar;

  • Utilize material macio para acomodar a cabeça do indivíduo, como por exemplo; um travesseiro, casaco dobrado ou outro material disponível que seja macio;

  • Posicione o indivíduo de lado de forma que o excesso de saliva ou vômito (pode ocorrer em alguns casos) escorram para fora da boca;

  • Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor;

  • Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência;

  • Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa, explique o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar. Observe a duração da crise convulsiva, caso seja superior a 5 minutos sem sinais de melhora, peça ajuda médica.


O que NÃO deve ser feito durante a crise convulsiva

  • Não impeça os movimentos da vítima, apenas se certifique de que nada ao seu redor irá machucá-la;

  • Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima, as contrações musculares durante a crise convulsiva são muito fortes e inconscientemente a pessoa poderá mordê-lo;

  • Não jogue água no rosto da vítima nem lhe-dê nada para beber.


Diagnóstico

Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, consequentemente, na busca do tratamento adequado.


Tratamento

Existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa.

É recomendado não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada, evitar uma vida estressada demais.


Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de "Gardenal", apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.


 
 
 

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